Em entrevista, Sam Mendes não descarta a possibilidade de dirigir outro filme de Bond.

007 - Operação Skyfall Por out 18, 2012 Sem Comentários

A edição desta semana da revista inglesa TimeOut tráz uma entrevista exclusiva com Sam Mendes, diretor de 007 – Operação Skyfall, onde ele fala sobre como foi todo o processo de realização do filme, e revela que a possibilidade de dirigir outro filme de Bond.

Sam Mendes começou a carreira no teatro como Assistente de Direção do Studio Theatre, de Chichester, em 1987, e foi o primeiro diretor artístico do Minerva Theatre, em 1989. Em 1990, já dirigia montagens da RSC. Seu trabalho com a companhia Shakespeariana incluiu versões aclamadíssimas de “Troilus And Cressida”, “The Alchemist”, “A Tempestade” (The Tempest) e “Ricardo III” (Richard III). Também dirigiu as montagens do National Theatre de “The Sea”,The Rise And Fall Of Little Voice”,”The Birthday Party” e “Otello” (Othello).

Mendes começou a sua carreira no cinema em 1999, com o filme “Beleza Americana” (American Beauty), que lhe deu o Oscar® de Melhor Diretor, bem como um Globo De Ouro e o prêmio do DGA de Melhor Direção. O filme venceu mais quatro Oscars®, incluindo o de Melhor Filme.

Em 2002 dirigiu a adaptação cinematográfica da graphic novel, “Estrada Para A Perdição” (Road to Perdition), estrelada por Tom Hanks e Paul Newman. O filme foi indicado a sete Oscars®. Em 2006, dirigiu então “Soldado Anônimo” (Jarhead), uma adaptação do livro homônimo de Anthony Swofford, com Jake Gyllenhaal, Jamie Foxx e Peter Sarsgaard.

Seu próximo, “Foi Apenas Um Sonho” (Revolutionary Road), foi lançado em 2009. Baseado no romance de Richard Yates e estrelado por Leonardo DiCaprio e Kate Winslet, foi indicado a três Oscars® e venceu um Globo De Ouro. Mais recentemente, Sam Mendes dirigiu a comédia, “Distante Nós Vamos” (Away We Go), baseada no roteiro original escrito por Dave Eggers e Vendela Vida.

Além de atuar como diretor, Mendes trabalha como produtor executivo de todos os projetos das Neal Street, tendo produzido ou sido produtor executivo de longas-metragens e peças teatrais como, mais recentemente, “Coisas Que Perdemos No Caminho” (Things We Lost In The Fire), dirigido por Susanne Bier e estrelado por Halle Berry e Benicio Del Toro; “Starter For Ten“; “Stuart – Uma Vida Revista” (Stuart – A Life Backwards), “O Caçador De Pipas” (The Kite Runner), quatro peças históricas de Shakespeare“Richard III”, “Henry IV” Partes I e II, e “Henry V” – para a BBC/NBC Universal, e para a WNET os títulos “The Hollow Crown” e “Shrek – The Musical”.

Seu trabalho no teatro e no cinema lhe valeram a condecoração com a Ordem do Império Britânico em 2000, por serviços prestados às artes, e o Lifetime Achievement Award do Director’s Guild, o sindicato dos diretores, em 2005.

Abaixo, confira a capa da TimeOut e entrevista com o diretor:

Olhando para trás, você tinha idéia desde o início de que tipo de filme de James Bond você queria fazer?

“É engraçado dizer isso, porque sim, eu tinha. Quando entrei no projeto, lá no começo, já existia uma história traçada. E eu estava certo desde o início, de que não era aquilo que eu queria fazer. Eu peguei apenas um pequeno elemento do que eles tinham, e abandonei todo o resto.”

Então você tinha alguma coisa para reagir contra?

“Sim. E eu não acho que percebi o quanto minha opinião estava clara até o dia em que eu sentei e disse: ‘Este é o filme de James Bond que eu quero fazer’. Quando eu comecei a fazer filmes, fiquei chocado com quantas opiniões eu tinha sobre como fazê-los. Parecia assim com este. Este é o filme de James Bond que eu quero ver, mas também é o Bond que eu acho que o público quer ver, e também que Ian Fleming mesmo poderia ter gostado de ver.”

“Estou surpreso com quanto sinto que este é um filme meu. Não estou reivindicando o crédito por tudo, pois é necessário o trabalho de centenas de outras pessoas, milhares mesmo. Mas eu não sinto como se eu tivesse que ter mudado algo para poder fazê-lo. “

Falando sobre propriedade, todos têm uma opinião sobre o que torna um filme de James Bond bom. Como você lida com isso?

“Todo mundo tem uma opinião, e eles são todos diferentes. Um dia alguém me disse: ‘Deus, eu espero que você coloque um pouco de humor nesse.’ Então, meia-hora depois outra pessoa me falou: ‘Oh, (os filmes) estão muito melhores agora que não estão tentando serem engraçados’. Estes foram alguns amigos e conhecidos. E em seguida, outros também falam: ‘Oh, por favor não pode ser tão violento’, ou, ‘Você tem que colocar mais explosões lá!'”

Você presta atenção ao que as pessoas falam sobre você, e o que você irá mostrar no filme?

“Eu não leio nada, pois afeta a maneira que você faz as coisas. Você tem que se manter cego de certa forma. Dez anos atrás, você não era bombardeado por opiniões assim que você abre os olhos. É preciso manter-se afastado disso.

Além disso, eu não sou bobo. Percebo que as pessoas vão falar ‘Oh, bem, ele é capaz de fazer um filme de James Bond? Ele consegue fazer filmes de ação? Ele não é um pouco sério?’ Eu faria a mesma coisa se estivesse junto com o grande público. Mas esse é o tipo de desafio que eu gosto, não me assusta. E se as pessoas gostam, eles gostam pra valer. Se não gostarem, não gostam mesmo.

Você fazer um grande filme é como estar indo para o Coliseu. As pessoas estão indo para levantar ou abaixar o polegar, e isso é parte do jogo, faz parte da diversão também.”

Você passou oito meses rodando esse filme. Como você descreveria o seu relacionamento com Daniel Craig?

“Ele dedicou-se 100% para o filme, e não deixou nada em casa. Ele tem opiniões sobre tudo, que é como deve ser. Mas é muito estranho porque eu nunca dirigiu um ator em um papel que, de certo modo, ele sabe melhor do que eu. Aqui é como: ‘Bem, ele já interpretou Bond antes, então eu sou um recém-chegado.'”

Quanta liberdade que você teve para levaro rumo de 007 – Operação Skyfall aonde você queria?

“Você sabe que os itens essenciais são: três seqüências de ação, garotas e locações glamourosas. Então, é como se os movéis de uma casa estivessem sendo entregues e lhe é dito: ‘OK, agora encontre uma casa em que os móveis se encaixem’. E se você não tiver cuidado, você faz uma casa feia pra car*lho (sic). Para torturar a metáfora, eu decidi armazenar todos os móveis durante seis meses, e construir a casa que eu queria ver, para só então tentar trabalhar com os dois juntos.

Então, para mim o trabalho era: encontrar uma história para Bond, e então encontrar uma maneira de casar que com as necessidades da franquia, que é uma coisa diferente. Uma das grandes coisas quando você lê os romances de Ian Fleming é que Bond tem uma jornada pessoal em todos aqueles primeiros livros. É por isso que ‘Cassino Royale’ foi tão fantástico, ele tem toda aquela jornada pois foi baseado em um dos melhores romances de Fleming “.

Você leu novamente os livros de Ian Fleming?

“Sim, eu leio muito. Fleming colocava muitas coisas nos romances que os filmes não mostravam, pois eram considerados muitos obscuros. Mas agora vivemos em uma era em que essas coisas não só são apropriadas, mas quase que necessárias para grandes franquias. Se você tem uma grande série de filmes sem um personagem central obscuro e f*dido, nem vale a pena fazer!

O que você achou mais difícil durante as gravações?

“Para mim as coisas mais difíceis tinham a ver com a paciência e a atenção aos detalhes necessários para filmar a ação corretamente. Se você quiser acompanhar personagens através da história e das sequências de ação, então você também têm que trabalhar os mínimos detalhes, o que é muito demorado. Além disso, eu queria que este fosse um filme de efeitos especiais, não um filme de efeitos visuais. Se algo explode, realmente explode.”

Em um filme tão grandioso, é preciso lugar para encontrar espaço para trabalhar com Daniel Craig e outros atores?

“Sim. Daniel entrou no set no primeiro dia, nos Estúdios Pinewood, olhou ao redor e disse: ‘Isso não se parece com um filme de James Bond’. Era menor, uma equipe mais compacta. (A equipe) só foi grande quando foi preciso, mas o resto do tempo eu mantive pequena, comprimida. Trabalhei muito duro para manter uma escala humana para os atores.”

Você dirigiria outro filme de Bond?

“Eu curti o suficiente para fazer novamente. Acho que a escolha está nas mãos do público. Se as pessoas adorarem o filme e quiserem assistir outro, feito pelas mesmas pessoas que fizeram 007 – Operação Skyfall, então isso terá significado muito para mim. Eu me sentiria como: ‘Bem, na verdade há pessoas que realmente querem ver.’

Porém, eu senti que coloquei tudo o que eu queria ver em um filme de Bond, neste filme de Bond. Eu teria que me sentir da mesma menrai para fazer mais um outro. Então, será preciso um monte de novas idéias para tentar torná-lo tão especial para mim, como foi este. Estou exausto, mas adorei.” █

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