Em entrevista para o Deadline durante o festival de Cannes, o renomado diretor Quentin Tarantino revelou os motivos pelo qual o seu filme de James Bond nunca saiu do papel.
Após o lançamento de “Pulp Fiction” em 1994, Tarantino planejava uma adaptação do livro Casino Royale de Ian Fleming, com uma trama narrada situada na década de 60. Inclusive, em meados de 1997 o diretor já havia comentado sobre seu desejo em uma mesa-redonda com críticos da indústria.
Quentin Tarantino talking with film critics about the James Bond film Tomorrow Never Dies, and wanting to direct Casino Royale, circa 1997. pic.twitter.com/l1X4AtaUlT
— Timothy M. (@TimothyNoNoNo) May 26, 2023
Segundo declarações do próprio diretor, tudo já havia sido alinhado com a família Fleming para produzir o filme à parte da franquia da MGM e da EON Productions, semelhante ao que Kevin McClory fez com Nunca Mais Outra Vez.
Entretanto, segundo Tarantino, ainda na fase de pré-produção ele descobriu que a EON Productions havia conseguido os direitos da adaptação de todos os livros de Ian Fleming, inclusive Casino Royale, o impedindo de seguir adiante com a ideia.
Confira trechos da entrevista do Deadline abaixo:
“Entramos em contato com o pessoal de Ian Fleming, e eles disseram que ainda possuíam os direitos de Casino Royale. E era isso que eu queria fazer depois de Pulp Fiction. Fazer a minha própria versão de Cassino Royale, situada nos anos 60, sem vínculos com a franquia dos filmes de Bond. Iríamos escalar um ator e pronto, pensei que poderíamos fazer isso”, revelou o diretor.
“Mas então acabamos descobrindo que três anos antes, os Broccolis sabiam que alguém iria fazer o que eu fiz. E então, eles fizeram um acordo geral com a família Fleming alegando algo do tipo: ‘Temos os direitos cinematográficos para tudo o que ele já escreveu, vamos apenas dar um monte de dinheiro, e isso é para cada coisa que ele já escreveu. Se alguém quiser fazer um filme disso, terá que vir até nós.’”, contou.
Questionado se já se reuniu com Barbara Broccoli na sede da EON, ele respondeu:
“Não, mas eu tinha pessoas que os conheciam e tudo mais. Sempre me disseram coisas muito lisonjeiras do tipo ‘Olha, nós amamos Quentin, mas fazemos um certo tipo de filme e, a menos que cometamos algum erro, faturamos um bilhão de dólares toda vez que fazemos esse tipo de filme, não queremos que ele faça isso. Não importa que ainda ele vá fazer bem. Isso pode ferrar o nosso negócio bilionário’.
Sobre o futuro da franquia, Tarantino conta o que acha que será do futuro dos filmes de James Bond.
“Eles sempre começam do zero quando se trata de alguém novo, porque isso quer dizer que alguém não poderia estar passando pelas coisas que aconteceram em 007 Contra A Chantagem Atômica, certo? Eu vou te dizer (…) o que eu acho que eles deveriam fazer, e tenho pensado que deveriam fazer isso há muito tempo, é que muitos dos livros têm nomes realmente clássicos e aventuras realmente clássicas. E na maioria das vezes, eles nunca foram fiéis aos livros, nunca fizeram as histórias. Eles pegaram o enredo e talvez a Bond Girl ou talvez o vilão e então simplesmente seguiam seu próprio caminho. Tom Mankiewicz seguiu seu próprio caminho. Ele escreveu muitos roteiros para eles. Eu acho que eles não deveriam refazer os filmes, mas sim apenas adaptar os livros da maneira como foram escritos, e tudo isso seria uma novidade.” declarou Quentin Tarantino.
Embora o desejo de Tarantino nunca tenha se concretizado, a carreira bem sucedida do diretor dispensa comentários.
Atualmente, o diretor se prepara para rodar The Movie Critic, baseado na carreira de um crítico de cinema pouco conhecido, que escrevia para revistas de conteúdo adulto. Segundo Tarantino, este será seu último filme.