Dezenas artistas espanhóis liderados por Javier Bardem (o vilão Silva de 007 – Operação Skyfall), sua esposa Penélope Cruz e o diretor Pedro Almodóvar, denunciaram a incursão de Israel em Gaza em uma carta aberta publicada recentemente, onde descrevem as ações israelenses como “genocídio”.
“É uma guerra de ocupação e de extermínio contra um povo sem meios, confinado em um território mínimo, sem água, e onde hospitais, ambulâncias e crianças são alvos e suspeitas de terrorismo”, afirmam.
Bardem entende que há uma tentativa de deslegitimar sua opinião por conta de temas pessoais. “Sim, meu filho nasceu em um hospital judeu porque tenho muita gente querida ao meu redor que é judia, e porque ser judeu não é sinônimo de apoiar um massacre, assim como ser hebreu não é o mesmo que ser sionista, e ser palestino não é ser um terrorista do Hamas”, conta. “Sim, trabalho também nos EUA, onde tenho amigos e conhecidos hebreus que rechaçam tais intervenções e políticas de agressão. ‘Não se pode invocar autodefesa quando se assassina crianças’, me dizia um deles por telefone ontem mesmo.”
Abaixo, a carta de Javier Bardem em tradução livre:
No horror que está acontecendo em Gaza NÃO há espaço para equidistância nem neutralidade. É uma guerra de ocupação e de extermínio contra um povo sem meios, confinado em um território mínimo, sem água, e onde hospitais, ambulâncias e crianças são alvos e suspeitas de terrorismo. Difícil de entender e impossível de justificar. E é vergonhosa a postura ocidental de permitir tal genocídio. Não entendo essa barbárie e os horríveis antecedentes vividos pelo povo judeu tornam-na ainda mais incompreensível. Só as alianças geopolíticas, essa máscara hipócrita dos negócios – como, por exemplo, a venda de armas – explicam a posição vergonhosa dos Estados Unidos, União Europeia e Espanha.
Sei que eles sempre deslegitimaram meu direito à opinião com temas pessoais, por isso quero explicar os seguintes pontos:
Sim, meu filho nasceu em um hospital judeu porque tenho muita gente querida ao meu redor que é judia, e porque ser judeu não é sinônimo de apoiar um massacre, assim como ser hebreu não é o mesmo que ser sionista, e ser palestino não é ser um terrorista do Hamas. Isso é tão absurdo como dizer que alguém ser alemão o vincula com o nazismo.
Sim, trabalho também nos EUA, onde tenho amigos e conhecidos hebreus que rechaçam tais intervenções e políticas de agressão. “Não se pode invocar autodefesa quando se assassina crianças”, me dizia um deles por telefone ontem mesmo. E também outros com que discuto abertamente sobre nossas posições divergentes.
Sim, sou europeu e me envergonha uma comunidade que diz me representar com seu silêncio e ausência de vergonha. Sim, vivo na Espanha pagando meus impostos e não quero que meu dinheiro financie políticas que apoiem esta barbárie e o negócio armamentista com outros países que se enriquecem matando crianças inocentes. Sim, estou indignado, envergonhado e dolorido por tanta injustiça e pelo assassinato de seres humanos. Essas crianças são nossos filhos. É o horror.
Oxalá haja compaixão nos corações dos que matam e desapareça esse veneno assassino que só cria mais ódio e violência. Que aqueles israelenses e palestinos que só sonham com paz e convivência possam um dia partilhar sua solução.
A ofensiva israelense, lançada no dia 8 de julho em resposta a disparos de foguetes do movimento islamita Hamas de Gaza, já matou mais de 1.100 palestinos, em sua grande maioria civis, incluindo 230 crianças, segundo a Unicef. Do lado israelense, três civis e 53 soldados morreram nas três semanas de confrontos, o número de baixas militares mais alto desde a guerra contra o Líbano de 2006.
Com informações The Hollywood Reporter e G1. █
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