Nobody Lives Forever

Em seu quinto Bond literário, Gardner ofereceu ao público uma variação de “Moscou Contra 007”, obra publicada em 1957. Novamente, a idéia central é uma superconsipração contra James Bond financiada por Tamil Rahani, seu oponente no livro anterior.

Há um ardil engenhoso na história, nunca utilizado por Fleming em seus entrechos: o vilão está à beira da morte. Um tumor maligno alojado na espinha o liquidará em pouco tempo, e seu último desejo é ver o arquiinimigo da SPECTRE morto, em nome da organização que ele herdou e como forma de deixar um legado a outros sindicatos criminosos e agências de contra-espionagem rivais. Indiscutivelmente, há algo de fascinante em um personagem que, mesmo em circunstâncias tão adversas, consegue reunir empenho e “foco” suficientes para levar a cabo a vendetta definitiva contra 007. Em “Nobody Lives Forever” (único título de Gardner não traduzido para o Português), Tahani finalmente ascende à galeria de “maus” memoráveis combatidos pelo herói em seu histórico literário.

Nos primeiros capítulos, a bordo de seu recém-comprado Bentley Mulsane Turbo, Bond faz um tour pela Europa, aproveitando para visitar amigos e sua governanta, May (internada em um clínica e recuperando-se de uma grave doença). Durante a viagem, 007 conhece a Bond Girl titular da aventura, Sukie Tempesta, em circunstâncias dramáticas: ele impede que a moça seja estuprada por dois bandidos, conquistando sua confiança e simpatia. Em retribuição, Sukie delega a Bond sua guarda-costas, Nanny, incumbindo-a de ser o “anjo da guarda” do agente em seu trajeto até a clínica. Logo, Bond descobre que May foi seqüestrada, e com ela, Moneypenny, que fora à Áustria visitá-la.

Segue-se um jogo de gato-e-rato em que os assassinos profissionais mais perigosos do mundo tentam eliminar james Bond. Tahani estipulou uma recompensa de dez milhões de francos suíços a quem, literalmente, entregar-lhe a cabeça do agente em uma bandeja. Ao chegar ao esconderijo de Tahani, em Florida Keys, uma ilha infestada de tubarões que lembra a Crab Key de “O Satânico Dr. No”, Bond é capturado e subjugado por Nanny (que, em uma típica reviravolta à la Gardner, se revela uma traidora). Bond quase é executado, mas consegue derrotar Tahani ao fazer com que a cama hospitalar em que se acha confinado o vilão exploda (literalmente), com a ajuda de componentes bélicos fornecidos pela seção “Q”. May e Moneypenny são libertadas, e a SPECTRE, definitivamente, torna-se um caso arquivado para o Serviço Secreto.

“Nobody Lives Forever” é um raro momento da série em que Gardner deixa de lado a pretensão de “elevar” o material literário que tem em mões para oferecer simples e honesto entretenimento aos fãs de James Bond. O tom mudaria de novo, e drasticamente, na novela seguinte, publicada um ano depois.

“Sexo, Glamour & Balas” de Eduardo Torelli.

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