Após o anúncio da compra da MGM pela gigante Amazon, em maio do ano passado, pela bagatela de US$ 8,45 bilhões de dólares, a negociação foi legalmente concluída só agora, quase um ano depois. O anúncio da oficialização do fim de toda a burocracia foi feito na manhã desta quinta-feira (17) em um comunicado publicado pela Amazon.
“Estamos ansiosos em trabalhar juntos para criar ainda mais oportunidades para oferecer narrativas de qualidade aos nossos clientes”, celebrou Mike Hopkins, vice-presidente da Prime Video e Amazon Studios.
Fundada em 1924, a MGM é uma das companhias mais famosas da indústria do cinema, e já produziu mais de 4 mil filmes e 17 mil episódios de séries de TV. A marca ganhou 180 prêmios da Academia e 100 prêmios Emmy.
Entre as propriedades intelectuais pertencentes à MGM, que agora entram para o acervo da Amazon, estão justamente os direitos sobre a franquia James Bond, que sozinha vale aproximadamente US$ 3 bilhões. Além de clássicos como “O Silêncio dos Inocentes”, “Rocky”, “Mad Max”, “Robocop”, “A Pantera Cor de Rosa”, e as premiadas séries “Vikings” e “The Handmaid’s Tale”.
Ainda não se sabe o que podemos esperar desses títulos no futuro, mas o vice-presidente da companhia já deu algumas dicas. Segundo ele, com a aquisição a empresa se compromete a entregar “uma ampla gama de filmes e séries originais para o público global”.
“A MGM foi responsável pela criação de alguns dos filmes e séries de televisão mais conhecidos e aclamados pela crítica do século passado. Estamos ansiosos para continuar essa tradição à medida que avançamos neste próximo capítulo, reunindo-nos com a grande equipe da Prime Video e Amazon Studios para fornecer ao público o melhor entretenimento nos próximos anos”, afirmou Chris Brearton, diretor de operações da MGM.
Com a compra do estúdio, a Amazon Prime, serviço de streaming da companhia, ganha vantagem frente a rivais como a Netflix, HBO Max, Disney+ e Hulu, passando todo o acervo de cerca de quatro mil filmes e mais de 17 mil horas de séries televisivas da MGM, agora exclusivos da Amazon.
Esta é a segunda maior aquisição na história da empresa de Jeff Bezos, ficando atrás apenas na compra da rede de supermercados Whole Foods em 2017, por US$ 13,7 bilhões, como informou o The New York Times.
A venda da MGM
A novela envolvendo a venda da MGM já se desenrolava há bastante tempo. Em 2016, o estúdio esteve perto de fechar negócio com investidores chineses, mas as negociações não foram para a frente devido a um bloqueio do governo chinês com investimentos estrangeiros. Na época, a transação ocasionou o atraso de um ano no início da produção do até então Bond 25.
No ano seguinte, foi noticiado que Gary Barber (ex-presidente do estúdio na época) já estaria em negociações avançadas para vender a companhia para a Apple, por US$ 6 bilhões, sem o conhecimento do alto-escalão do estúdio. Embora a MGM tenha negado os rumores, Barber acabou sendo demitido do cargo, e desde então, a companhia seguiu sem um representante oficial, com as responsabilidades de CEO sendo divididas entre os membros do conselho. Entre eles, Kevin Ulrich, o maior acionista do estúdio.
Quem detém os direitos da franquia 007? Entenda
Até a compra do estúdio, a MGM detinha 50% dos direitos dos filmes da franquia James Bond. Os outros 50% são da Danjaq, subsidiária da EON Productions, ambas administradas pelos produtores Barbara Broccoli e Michael G. Wilson. O negócio da MGM com a Danjaq é um tanto quanto complexo. Em resumo, a MGM dá o dinheiro e a EON faz os filmes, simples assim. O estúdio controla os direitos de distribuição doméstica das produções, enquanto a Danjaq faz as negociações de merchandising.
Antigamente, era a MGM também quem distribuía os filmes em todo o mundo, mas após o estúdio declarar falência e ter passado por uma reestruturação, acabou sendo obrigado a fazer parcerias com outros estúdios para a distribuição em territórios internacionais. Como foi o caso de 007 – Sem Tempo Para Morrer, distribuído pela Universal Pictures.
E como isso afeta o futuro da franquia?
De imediato, nada. Segundo apontou o MI6-HQ, os acordos de distribuição existentes para os filmes, seja em serviços de streaming concorrentes, ou em mídia-física, permanecerão em vigor, a menos que haja uma cláusula de mudança de propriedade. O que deve acontecer primeiro é a exclusividade dos filmes na Amazon Prime, uma vez que os contratos de streaming são de prazo mais curto.
E a pergunta que não quer calar: Quem será o próximo James Bond? Ao que tudo indica, a EON Productions não está com pressa para escolher um substituto de Daniel Craig. Embora as comemorações de 60 anos da franquia poderiam indicar um cenário perfeito para um possível anúncio do sétimo ator, há uma série de etapas que precisam ocorrer antes disso realmente acontecer.
Primeiro, a MGM precisa aprovar o orçamento para o próximo filme, o que não deverá ser um problema dadas as reservas da Amazon. Segundo, um diretor precisa ser contratado, e isso geralmente só acontece depois que um rascunho do roteiro é concluído. Só depois então que os testes com potenciais 007s aconteceriam. E terceiro, quando a escolha for feita, ela terá que ser aprovada pela MGM e provavelmente também pela administração da Amazon Studios. Mas disso acontecerá tão cedo, uma vez que Barbara Broccoli e Michael G. Wilson estão produzindo a peça “Macbeth” com Daniel Craig, na Broadway, até o meio do ano.
Esperamos as cenas dos próximos capítulos…
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