Quando Daniel Craig foi apresentado como o novo James Bond, a imprensa e os fãs o detonaram. Acredito que foi o primeiro famoso a sofrer tantos ataques na internet – algo mais comum hoje em dia, mas ainda raro em 2006. Achavam um absurdo um James Bond loiro (Roger Moore era ruivo?), “feio” e “brutamontes”, dentre outros adjetivos nada simpáticos contra o ator.
Nem esperaram ao menos ele fazer um filme, 007 – Cassino Royale, para fazer uma crítica justa. A partir desse turbulento começo, como toda boa história deve começar, é que se inicia Being James Bond, documentário gratuito que a AppleTV disponibilizou em seu streaming.
O documentário tem uma estrutura bem simples. Craig e os produtores Barbara Broccoli e Michael G. Wilson conversam sobre a escolha de Craig e cada um dos cinco filmes que ele participou – sim, fala também do ainda inédito 007 – Sem Tempo para Morrer, mas, claro, sem spoilers.
E todos são sinceros em suas falas. Craig assumindo o ar blasé que teve no início antes de aceitar ser o novo James Bond e Barbara encantada dizendo que sempre soube que seria ele. “Não tinha mais ninguém”, afirmou a produtora diversas vezes no documentário. Também não se furtam a falar dos problemas de 007 – Quantum of Solace– considerado o pior da Era Craig – , que foi feito no meio de uma greve de roteiristas, quando ainda não tinha nem um roteiro pronto. “Nós começamos a gravar sem um roteiro. E me sinto culpado por estar esgotado e não saber escrever um roteiro para ajudar”, diz Craig.
Mas, o mais importante do documentário é que dá o crédito a Craig por ter atualizado James Bond e, porque não, ter atraído um grande número de novos fãs a gostar do espião. Logo depois das críticas, veio a consagração, com 007 – Cassino Royale tendo se tornado o filme com mais bilheteria da franquia – superado apenas por 007 – Operação Skyfall. Centenas de revistas, jornais e fãs se dobraram à Era Craig.
E, claro, o ator confessa que foi difícil para ele virar o centro das atenções de uma hora para outra, já que ele mesmo revela que só fazia filmes mais independentes. A questão foi que as críticas e o ódio gratuito de imprensa e fãs – se lembram do finado site craigisnotbond? – serviram de combustível para Craig, que se dedicou ainda mais para o papel – para nossa sorte.
Tanta entrega pode ser vista em 007 Contra SPECTRE, onde o ator sofreu um acidente e mesmo assim gravou o filme todo, quando ele teria que ficar de repouso por 9 meses, no mínimo. “Na cena em que eu ando na sacada de um hotel no México, eu só pensava que minha perna não podia sair do lugar”, lembra o ator.
Algumas cenas são emocionantes, como a de Craig falando sobre a gravação da morte de M (Judi Dench) em 007 – Operação Skyfall e a última cena do ator como James Bond em 007 – Sem Tempo Para Morrer, na qual é visível a emoção de todos e, principalmente, de Craig, que tem dificuldades até de terminar sua fala. Para coroar – e arrepiar os fãs – o documentário termina com cenas dos filmes e o instrumental da belíssima “We Have All The Time In The World”, de 007 – A Serviço Secreto de Sua Majestade.
Goste ou não, Daniel Craig foi um excelente James Bond e cumpriu muito bem o seu papel. Being James Bond mostra isso, servindo como uma justíssima e bela homenagem ao ator. O próximo James Bond vai ter um trabalho para manter a qualidade de seu antecessor. Com isso, nós, fãs, só temos a ganhar.
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