Exatamente no dia 7 de julho de 1977 (7.7.77) era lançado em Londres 007 – O Espião Que Me Amava, o 10º filme de James Bond, e o terceiro estrelado por Roger Moore. O sucesso do filme ajudou a definir o legado de uma dos personagens mais queridos do cinema.
Na primavera de 1975, os produtores Albert R. “Cubby” Broccoli e Harry Saltzman juntamente com o diretor Guy Hamilton, deram início a produção do décimo filme de James Bond. Pela primeira vez, os produtores tinham apenas o título, já que Ian Fleming não queria que a trama do livro fosse usada para um filme. Muitos roteiristas trabalharam no desenvolvimento da história, entre eles Richard Maibaum, Anthony Burgess e John Landis.
007 – O Espião Que Me Amava foi o primeiro filme em que Albert R. “Cubby” Broccoli produziu sozinho, sem contar com a presença do parceiro Harry Saltzman, que devido a investimentos mal-sucedidos e para evitar a falência, se viu obrigado a vender sua parte da EON Productions para a United Artists naquele ano.
A série de desavenças e negociações atrasou a pré-produção do filme, e fez com que Guy Hamilton abandonasse o projeto. Sozinho, Cubby recorreu a Lewis Gilbert, que uma década antes havia dirigido Com 007 Só Se Vive Duas Vezes. Para finalizar o roteiro, Gilbert trouxe abordo da produção Christopher Wood, e John Glen assumiu como editor do longa e diretor adicional de unidade. Gilbert também apresentou um elemento-chave no roteiro, com Bond matando o amante de Anya Amasova, ajudando assim a criar uma história sólida que sustentasse a ação.
O renomado ator alemão Curt Jurgens, que já havia trabalhado com Lewis Gilbert anteriormente, ficou com o papel do vilão Karl Stromberg, enquanto o desconhecido Richard Kiel deu vida ao assustador e ao mesmo tempo carismático Jaws, que no Brasil ficou conhecido como Dentes de Aço. Embora Fleming não teria autorizado que a trama do livro fosse colocada na tela, o personagem Jaws foi uma adaptação do capanga Horror, presente no livro. Para o papel da Major Anya Amasova, os cineastas escolheram a americana Barbara Bach, que já havia trabalhado ao lado das ex-Bond Girls Ursula Andress e Claudine Auger em produções italianas.
A lendária sequência de abertura foi inspirada em um anúncio de TV do Canadian Club que mostrava um esquiador pulando do El Capitan, uma formação rochosa com 910 metros de altura na Califórnia. No entanto, após entrar em contato com o esquiador Rick Sylvester, responsável pela proeza, a produção descobriu que o anúncio era falso. No entanto, Sylvester disse que seria capaz de fazê-la de verdade no Monte Asgard, no círculo Ártico do Canadá. Apesar da má condição climática na região devido as baixas temperaturas, a cena foi filmada com sucesso em um take único.
httpvh://www.youtube.com/watch?v=NVBPoGcuLK4
No Egito, apesar das filmagens em alguns dos maiores templos ao longo do Rio Nilo, as necessidades do dia-a-dia da produção eram muitas vezes difíceis de serem encontradas, ou eram saqueadas pelos locais. Em uma dessas ocasiões, sem provisões para sua equipe de mais de 100 pessoas, o próprio Cubby Broccoli se encarregou de cozinhar macarrão para o elenco e equipe na locação.
A Sardenha, ilha do mar Mediterrâneo situada a oeste da península Itálica, proporcionou o pano de fundo perfeito para o Diretor da 2ª Unidade, Ernie Day filmar a perseguição com o Lotus Esprit. O Supervisor Especial de Efeitos Visuais Derek Meddings fez um modelo-carcaça para ser disparado no mar a partir de um canhão de ar. Nas águas claras das Bahamas, três carros adicionais foram responsáveis por mostrar o Lotus transformando-se em um submarino. A Perry Oceanographics construiu uma quinta versão do Lotus como se fosse um verdadeiro submarino na forma de um Esprit, para as gravações em Nassau. A cena em que o carro sai do mar em direção à areia só foi possível com a ajuda de um cabo de aço que puxava o veículo para finalizar a cena. Meddings também foi o responsável por construir modelos do super-tanque Liparus e da Atlantis, esconderijo do vilão Stromberg. Ambas sequencias também foram rodadas nas Bahamas.
Em Pinewood, o Diretor de Arte Ken Adam abriu novos caminhos com sets que combinavam curvas com acabamentos de metal polido mesclado com antiguidades belíssimas. No entanto, nenhum estúdio ou locação foi encontrado para filmar interior do Liparus, então Adam projetou um cenário permanente em Pinewood. Construído em apenas 13 semanas, incluindo o conjunto de petroleiros, o 007 Stage tornou-se o maior estúdio cinematográfico do mundo e é referência na indústria até hoje, com diversos blockbusters rodados no local.
Indisponível para compor a trilha sonora, John Barry sugeriu Marvin Hamlisch, que decidiu criar um novo hit para dar continuidade ao estilo criado por Barry. “Nobody Does It Better”, interpretada por Carly Simon, foi escrita por Carole Bayer Sager, e é uma frase que até hoje define o personagem. A canção ficou em 2º e 7º lugar nas paradas americanas e britânicas, respectivamente, e foi indicada ao Oscar do ano seguinte, junto com a trilha e direção de arte.
Com o maior orçamento de um filme de Bond até então, o terceiro filme de Roger Moore como Bond tornou-se um enorme sucesso nas bilheteria e um marco na história da franquia.
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