O coordenador de dublês, dublê e diretor de 2ª Unidade muito conhecido no meio de James Bond, Vic Armstrong, conta em livro como que a indústria cinematográfica está trabalhando com o uso de dublês hoje em dia, ameaçando a carreira de muita gente talentosa por causa do uso excessivo de tecnologia.
É uma questão básica de matemática e existencialismo. Quando alguém faz o trabalho de duas pessoas, um dublê deixa de ser necessário. No cinema, isso significa que os seus mais destemidos assalariados correm o risco de desaparecer, o dublê, ou stuntman em inglês. Para ilustrar a situação “tecnologia Vs. mão-de-obra”, basta olhar para os irmãos gêmeos do filme “A Rede Social”, desempenhados pelo mesmo ator. A cabeça do segundo irmão é uma réplica digital colada em cima de um corpo parecido.
Antes que a sua profissão desapareça para sempre, Vic Armstrong, um dos mais experientes dublês de Hollywood decidiu deixar as suas experiências num livro. “The True Adventures Of The World’s Gr
eatest Stuntman: My Life As Indiana Jones, James Bond, Superman And Other Movie Heroes”, agora editado, dá conta de 40 anos de façanhas heróicas mas quase sempre anônimas. Ele vôou como Super-homem preso apenas por fios e diz: “Tão finos como as cordas de um piano e pintadas da cor do céu”. Saltou de cima de um cavalo para um tanque em movimento em “Indiana Jones” e conduziu carros por penhascos e desfiladeiros. Agora aposentado como dublê, Vic Armstrong reflete sobre o uso excessivo da tecnologia empregada nos filmes de Hollywood, prejudicando assim o trabalho dos dublês.
“Se todas as cenas são feitas por computador, então um filme passa a ser um desenho animado.”, desabafou Armstrong em entrevista para a revista Wired. Segundo o dublê, que recentemente trabalhou como coordenador das cenas mais perigosas de filmes como “Homem-Aranha” e “Thor”, o uso excessivo de CGI (“computed generated imagery”, ou imagens geradas por computador) começa a ser mal visto pelos espectadores. Esse sentimento começa a chegar às produtoras. “Hoje em dia quando estou em reuniões de produção me pedem: ‘queremos que esta cena seja o mais real possível’, e eu penso: ‘Mas foi sempre assim que quisemos fazer!’, contou Vic.
Antigamente os problemas eram outros, como por exemplo a insistência de alguns atores como Harrison Ford, em fazerem eles próprios as suas cenas perigosas, dispensando o uso de dublês. No livro ele conta: “Eu expliquei a ele e ele pediu desculpas, pois não fazia idéia de que nós éramos pagos para fazer aquela tipo de coisa”, conta no livro. Apesar de hoje em dia ainda tenha procura por pessoas de verdade para fazerem as cenas mais perigosas em um filme, a carreira de dublê ainda está ameaçada. “Os preços dos efeitos GCI continuam caindo.”, lamenta Armstrong.
Para prosperar num mercado de trabalho que parece estar cada vez mais diminuindo, Vic está à procura de outros mercados de trabalho. “Estou planejando fazer uma série de filmes de Bollywood, na Índia. É refrescante trabalhar lá.”, revelou. █
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